Nascido em Belmonte, Cabraliense de coração vai nos brindar com um pouco da sua parte poeta.
PRECIOSO
Porque me deixar
Escorrer tanto
Sem precisar
O quanto?
Sou vida
Sou saúde
Sou sempre a fonte
Da juventude
Use-me
Quando precisar
Guarde-me
Para não faltar
Cuide da minha nascente
Não me deixe secar
Abasteço a toda gente
Para a vida perpetuar
Enquanto milhares de pessoas
Só vêem água quando choram,
Outrso tantos a desperdiçam
Lavando calçadas.
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ACUDA O ACUBA
Já fui um Rio tranquilo
De água mansa e transparente
Descia suavemente
E banhava toda gente
Quando a chuva era intensa
Eu me deleitava
Abria mais as minhas margens
E por isso transbordava
As árvores me protegiam
Suas raízes me sustentavam
As terras não desciam
E não me atolavam
Mas o homem desmatou
As raízes apodreceram
O meu leito atolou
Minhas águas pereceram
Hoje peço socorro
Preciso de ajuda
Sem uma providência
Eu morro
Acuda o Acuba.
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O SER SEM SER
Um dia eu não havia
Eu não existia
Não era ser
Não tinha por que ser
Não fazia parte
Do verbo existir
E eles insistiam
Que eu não tinha
Porque vir
Eram despreocupados
Os pobres coitados
Mas num momento
De prazer da vida
Deram-me vida
E então passei a existir
Mas uma existência curta
Pois quando souberam
Da minha chegada
Apressaram o processo
Da minha volta
Abortaram-me.
E eu queria tanto existir.
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