MARISA ORTH INTERAGINDO COM O PÚBLICO
DE SANTO ANDRÉ...
PATAXÓS EM APRESENTAÇÃO NO FESTIVAL...
O Festival Cultural do Verão de Santo André.
Começou na segunda-feira (04/01) e este ano promete ser o mais longo, vai até sexta (08/01), a partir das 20 horas.
Marisa Orth apresentando seu número interativo e o segundo número apresentado pelos índios Pataxós, o público compareceu em peso.
Enquanto assistia o espetáculo, lembrava do pouco que aprendi sobre o pensamento do filósofo e sinólogo François Jullien através de um ensaio intitulado “Uma idéia de outro mundo”, de Bernardo Carvalho. Trata-se de uma tentativa de reflexão sobre o mundo e o pensamento ocidentais a partir de um ponto de vista exterior. E como nada pode ser mais exterior do que a China ( a começar pela língua que é ideográfica em vez de fonética), o autor discorre “No pensamento chinês de tradição confuciana, não existe essa distância que permite ao sujeito europeu analisar um objeto de fora. Para o pensamento chinês nada é exterior ou transcedente, o mundo não está dividido entre o aqui e o além, entre o real e o ideal, entre uma dimensão física e outra metafísica como nom pensamento ocidental. Tudo aconmtece num constante processo de transformação a que estão submetidos tanto o sujeito como o objeto. A subjetividade e a objetividade só podem existir em correlação, em movimento, em relação interativa, de impregnação.”
Fiquei matutando sobre este aspecto do pensamento chinês ao assistir o primeiro dia do Festival Cultural de verão daqui de Santo André. O primeiro número, humorístico, foi apresentado por uma atriz consagrada, Marisa Orth (uma freqüentadora assídua de Santo André) com intensa participação da platéia, crianças inclusive. Em seguida, os Pataxós de Coroa Vermelha ocuparam o palco – na verdade um espaço público de terra batida embaixo do cajueiro grande do rio – para apresentar o seu número, uma dança ritualista.
Achei esta justaposição inusitada, a atriz de cinema e TV – famosa, uma star – e os anônimos indígenas paramentados, atuando lado a lado... Para compreender (ao modo chinês) o que ali se passava procurei me lembrar que as coisas só existem em relação com as outras e que ninguém ali era espectador ou participante, mas as duas coisas ao mesmo tempo.
Fonte: Olímpia Calmon – redefurada.blogspot.com
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